Petrobras é denunciada ao MPT por plano de demissão voluntária
Com desligamento, cerca de 12 mil funcionários seriam substituídos por terceirizados
A denúncia foi formulada pela Federação Única dos Petroleiros (FUP)
Foto: Paulo Whitaker/Reuters
Do Estadão Conteúdo
A Petrobras é alvo de denúncia no Ministério Público do Trabalho (MPT) do Rio em razão do plano de demissão voluntária de 12 mil trabalhadores. A denúncia questiona os riscos gerados à operação das atividades petrolíferas da empresa com a saída de funcionários efetivos e o aumento da terceirização das atividades-fim da estatal. Anunciadas no início do mês, as demissões integram o enxugamento da estrutura administrativa da empresa.
A denúncia, formulada pela Federação Única dos Petroleiros (FUP), que reúne 14 entidades sindicais de todo o País, foi entregue ao MPT na quarta-feira (20). Também a Agência Nacional do Petróleo (ANP) e a Superintendência Regional do Trabalho e Emprego (SRTE) foram acionados para fiscalizar os termos do plano de demissão proposto pela Petrobras.
"O teor principal da argumentação é a segurança. Tanto o Ministério Público quanto a ANP têm regras específicas sobre a quantidade de trabalhadores efetivos nas operações das unidades de produção, terminais e refinarias", explica o diretor da FUP, José Maria Rangel.
A denúncia acusa a Petrobras de descumprir duas Normas Regulamentadoras (NRs) expedidas pelo Ministério do Trabalho referente à segurança das operações com combustíveis e em alto-mar. A NR 20, por exemplo, estabelece que, "na operação com inflamáveis e líquidos combustíveis, o empregador deve dimensionar o efetivo de trabalhadores suficiente para a realização das tarefas operacionais com segurança".
A FUP também aponta um descumprimento de cláusulas de acordo coletivo da Petrobras com os sindicatos. Uma das cláusulas prevê que, "nos casos em que haja excedente de pessoal decorrente de reestruturações e redução de atividades", a empresa deveria realocar os funcionários em outras unidades. A denúncia questiona também o descumprimento das regras estabelecidas nos Sistemas de Gestão de Segurança Operacional da ANP.
"Não há dúvida de que as demissões comprometem a segurança das atividades, sobretudo nas áreas operacionais. A terceirização já está em curso. Nas plataformas afretadas a tripulação é estrangeira, por exemplo. Isso deve piorar. Um PDV desse porte não pode ocorrer sem negociação", avalia Rangel.
O plano de demissões foi anunciado no início do mês, mas só foi discutido com os sindicatos em reunião na última semana, de acordo com o sindicalista. A orientação da FUP é que os trabalhadores não aceitem as condições, uma vez que elas estão sendo questionadas judicialmente. Procurada, a estatal não se posicionou até o fim da tarde deste domingo (24).
De acordo com a FUP, no encontro a empresa teria informado que o objetivo da medida é ampliar a rentabilidade dos acionistas, em razão da redução de R$ 33 bilhões em despesas com salários. No anúncio do plano, a direção da estatal justificou os ajustes dizendo que servem para adequar a Petrobras "à realidade atual, com foco na otimização da produtividade, considerando o plano de negócios vigente e as reestruturações em andamento".
A previsão da Petrobras é de que as demissões do PDV sejam concluídas até maio do próximo ano. Não há restrição à adesão ao plano - mesmo funcionários recém-admitidos podem ser beneficiados com indenizações que variam de R$ 211 mil a R$ 706 mil, de acordo com o tempo de serviço e a idade do trabalhador.
Bancadas da bala, da Bíblia e do boi pressionam Temer
Estadão Conteúdo – Formada por parlamentares ruralistas,
evangélicos e defensores de propostas ligadas à segurança pública, a chamada
bancada BBB – uma referência à “Boi, Bíblia e Bala” – foi
fundamental na votação do impeachment da presidente Dilma Rousseff no último
dia 17. Em decorrência disso, cobra interlocução maior com o vice-presidente
Michel Temer (PMDB) e o apoio dele à suas agendas no Congresso Nacional.
A proporção de votos que seus integrantes deram contra a petista
foi muito maior do que o apresentado no resultado final. O placar do plenário
da Câmara foi de 367 votos a favor e 137 contra, uma proporção de 2,6 a favor
para cada voto contrário. Na bancada evangélica, o placar foi 163 x 24 (uma
proporção de 6,7 a 1), enquanto na da segurança foi 245 x 47 (5,2 favoráveis
para cada contrário).
O desempenho faz com que essas bancadas queiram conquistar na
era Temer toda a interlocução com o governo e apoio oficial no andamento de sua
agenda no Congresso. “Já fomos até ele e sugerimos que ele crie uma
interlocução oficial com a bancada BBB. Ele tem que entender que não é só
interlocução com os líderes partidários que adianta”, afirmou o deputado
Sóstenes Cavalcante (DEM-RJ), tesoureiro da Frente Parlamentar Evangélica.
Na avaliação do parlamentar, esse foi um dos principais erros
dos governos do PT. O deputado afirma que só houve diálogo do governo com a
bancada evangélica nos dois primeiros anos do governo Luiz Inácio Lula da Sila,
entre 2003 e 2005. “De lá para cá, nunca mais houve uma interlocução para
equilibrar a pauta da esquerda com as nossas. Pelo contrário, sempre fizeram
questão de fazer confronto ideológico”, reclama Cavalcante.
De acordo com o tesoureiro da Frente Evangélica, a pressão de
pastores sobre deputados da bancada foi decisiva para a aprovação do
impeachment de Dilma, entre eles Silas Malafaia (Assembleia de Deus), Edir
Macedo (Igreja Universal) e Valdemiro Santiago (Igreja Mundial do Poder de
Deus).
Bala
Por sua vez, a bancada da bala espera que Temer abra espaço para
aprovação de assuntos ligados à pauta conservadora, como a redução da
maioridade penal e a flexibilização do Estatuto do Desarmamento.
“É por isso que até agora não colocamos para votar essa questão
do Estatuto do Desarmamento. Sabemos que na Casa passa, mas a presidente veta.
Precisamos conversar mais com Michel para ter a possibilidade de fazer uma
pauta positiva”, diz Alberto Fraga (DEM-DF), coordenador da Frente Parlamentar
da Segurança Pública, na Câmara.
Na avaliação do deputado, que é coronel reformado da Polícia
Militar, o caráter majoritariamente conservador dos integrantes da bancada foi
determinante para dar uma votação pró-impeachment acima da média. “Já
esperávamos uma votação assim. A bancada da segurança pública, em sua maioria
esmagadora, é conservadora, é de direita”, afirma Fraga.
Ruralistas
Dentre os integrantes da bancada ruralista, a proporção foi
menor que a do plenário. Foram 64 votos a favor e 33 contrários (1,9 a favor
para cada contrário). A explicação é que boa parte da Frente é integrada por
parlamentares ligados ao petismo, como os egressos da agricultura familiar.
Ainda assim, o deputado Jerônimo Goergen (PP-RS), presidente da
Frente Parlamentar da Agropecuária, quer que Temer foque sua gestão no
agronegócio. A bancada quer que o peemedebista “feche as torneiras” para os
programas de interesse do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST). Ela
também defende o apoio de Temer à Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 215,
que transfere do Poder Executivo para o Congresso Nacional a palavra final
sobre a demarcação de terras indígenas no Brasil. As informações são do jornal
O Estado de S. Paulo.
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